Óculos Estou vendo o mundo através dos... Marcelo ULisses Cordeiro

Óculos

Estou vendo o mundo através dos óculos;
Que triste visão através de uma lente,
Que me aumenta a percepção do que vive,
Que me ressalta as cores à mente.
Quão surpreso fico quanto vejo o tamanho do mundo,
Surpresa pelo aumento e não pela existência,
De tantas falhas em nós, em mim, lá dentro...
Parece por fora uma coisa muito legal, pois
Vejo pernas de lindas mulheres, quando lindas são as minhas,
Não minhas pernas, mas minhas mulheres esposa e filha.
Andando na rua minhas visões,
Dentro de casa minhas mulheres,
dentro de mim meus egoísmos...
Vejo na rua um carro forte e malotes de dinheiro,
Que cheiro...
Dinheiro...
E o homem que o carrega?
Algum tostão no bolso terá?
Nas costas todo o dinheiro da sociedade,
No bolso todas as moedas da gaveta,
Na mente todo o caminho a percorrer,
Na minha todo o dinheiro em meu bolso...
... e correr, não per, mas para, para onde?
Pernas percorrem a pista, confundem minhas vistas...
Senhora idosa, quantos anos terá?
Jovem senhora de mais ou menos cinquenta,
Independente em mundo globalizado, ou
Mulher global numa independência mundializada?
Talvez a terra mulher, talvez a nação nova, talvez, talvez...
Minha visão me confunde.
Já não se morre aos sessenta e cinco,
Agora vamos aos mais de oitenta,
Velocidade na vida, morte na estrada...
Mais de oitenta, pra quê?
Para sobreviver? Acima do que?
Acima do corpo, magro e esbelto,
Ou acima da economia, magra e esbelta.
O objetivo é ficar forte e crescer, mas até que ponto?
Para exportar o excedente para quem não pode comprar?
Para quem tem fome e quer crescer, engordar?
Quero ficar magro dispenso comida, se sou gente,
Quero ficar forte vendo comida, se sou mais gente,
Quero crescer, como.
Como quero crescer?
Crescem as imagens na minha frente e me assusto.
Quão surpreso fico quanto vejo o tamanho do mundo,
Que me ressalta as cores à mente.
Que me aumenta a percepção do que vive,
Que triste visão através de uma lente,
Estou vendo o mundo através dos óculos;
Será melhor manter-me sem óculos?