Existem momentos em que você não... Suenilson Saulnier de...

Existem momentos em que você não gostaria de ser um animal irracional, a centésima parte da poeira cósmica que já somos ou até simplesmente não existir? Lealdade, coerência com os bons princípios que defendamos e amizade verdadeira, mais parecem com trechos extraídos de uma obra de ficção e quase irreais.
Não sou movido a rancores, não sou refratário de divergências do passado e muito menos banco o “santinho de pés de barro” enquanto a minha postura usual. Mas de uma coisa tenho certeza, não traio, não falseio a verdade e tenho lado e posições definidas
Prezo o companheirismo igualmente ao ar que respiro, fazendo do adágio popular que diz “amigo meu não tem defeito”, uma norma de conduta para com aqueles que abraço como amigos.
Sei também que não vivemos em um mundo ideal e sim no que é possível, até mesmo porque coabitamos entre iguais, ou seja, centenas de milhões de uma raça de fragilidades corpóreas e espirituais. Contudo, nem sempre o mal pode ser majoritário, nem sempre devemos fazer da dúvida sobre o caráter das pessoas na qual acreditamos um ato compulsivo e constante.
Essa seria a maneira adequada de se agir diante daqueles que compartilhamos ideias, labor e projetos. Todavia a todo instante como a uma “conspiração do além”, surgem aqui e ali, de onde menos esperamos atos cometidos por nossos “amigos”, que caíram até exageradamente para os que são declaradamente oponentes.
As alternativas apresentadas no inicio, são todas impossíveis, resta-nos mesmo enfrentar o dia-a-dia com aqueles que se escondem por de traz de um capuz de mesuras, sorriso largo e insistentes juras de afeto fraternal.
Triste não é? Sim e não... Por quê? Obviamente triste por nos trazer enormes decepções para com aqueles que devotamos os melhores dos nossos sentimentos por agirem traiçoeiramente e como chacais humanos. E não devido ao fato de que essas são atitudes altamente humanas...
Traição dói no inicio, afeta no meio e nos ensina ao final. No Brasil recentemente, na revolução de 1964, o então presidente João Goulart comunicava-se insistentemente com o seu chefe do estado maior das Forças Armadas, marechal Castelo Branco, indagando sobre a situação nos quartéis e este informava ao presidente “que reinava a mais absoluta tranquilidade em todo território nacional”, ele era na verdade o mentor intelectual do movimento militar e já estava preparado inclusive para pedir exílio a duas embaixadas em caso de fracasso da revolução...
Se na própria história e nas escrituras cristãs constatamos traições, pois o que dizer do mais celebre deles o Judas Eucariotes, de Joaquim Silvério dos Reis, do Cabo Anselmo, Brutus e tantos outros que vem desde a aurora dos tempos.
O que vale na verdade é seguir acreditando, contraditório isso? Talvez! Pois quando todos esquecerem que para ser acreditado é preciso acreditar, a verdade haverá sucumbido totalmente e com ela a verdadeira amizade.