De Todos. Amei pela primeira vez quando... Johnny Kwergiu

De Todos
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Amei pela primeira vez quando ela passou por mim. Seu perfume me invadiu, me roubou toda atenção que eu não tinha. Fiquei olhando cada detalhe seu: suas roupas, seu andar, seu modo de agir. Ela ferozmente abraçava suas amigas sempre com um sorriso penetrante nos lábios pintados de rosa. Ora bela como donzela, ora uma fera por ser a última a saber. Assim, comecei amá-la sem muita explicação, sem muita espera para a certeza. O mundo caiu, e meus pés não sentiam a firmeza do solo; estavam afundando num medo único.
Era a primeira vez que pude entender o amor. Era preciso se sentir sem chão e estar num medo inexplicável para a minha própria ciência. Foi necessário eu cometer pequenos erros para compreender o desespero de saber que eu não era o único a gostar das suas roupas, do seu andar, do seu modo de agir. Era preciso eu me surpreender com ela para poder voar sem sair do chão. Ela caiu em meu olhar e agora seria preciso lutar contra a concorrência que esmagava minhas expectaticas.
Eu amava e me sentia ser o exclusivo das ações, que ilusão meu Deus!
A cada passo dela em minha direção me era um portal sendo aberto para o futuro: nesse portal eu via minha vida inteira com ela ao meu lado.
Amei pela primeira vez sem querer uma segunda chance para me consertar. Fui quebrado, e não haviam mais peças originais no mercado. Tarde demais!
Ela era talvez a única saída para a minha felicidade voltar a sorrir de verdade pelas ruas. Eu a perseguia pelos corredores e becos escuros. A procurava em esquinas que mal eu sabia que existiam na cidade. Nunca pude encontrá-la para dizer o quanto eu a amava. Ela sabia esconder uma lágrima e um sorriso, diferente de mim, que corria por todos os cantos atrás de notícias.