Coleção pessoal de Peralta71

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“O assento sanitário é um local de introspecção e reflexão, ao mesmo tempo em que é utilizado como ambiente de desprendimento. Cercado de uma esfera mística e democrática, utilizado por todos independente do grau de cultura ou classe social. Palco de muitas decisões, desde as diminutas ou das mais complexas a ponto de impactar o rumo da sociedade. Aonde quer que se vá, sempre haverá um recinto reservado e adequado para o recolhimento privado e a condensação dos pensamentos.”

“Quando o governo aumenta o preço dos combustíveis nas refinarias e anuncia não saber se essa alta será absorvida pelos postos ou repassada ao consumidor, ele está chamando o povo de idiota por via transversa.”

“Quando um ministro precisa afirmar mais de uma vez que ele vai permanecer no cargo, pode apostar que vai haver substituição.”

“Essa lei da oferta e da procura influencia até a demanda por andarilhos e moradores de rua durante a semana do Natal. De repente surge uma onda solidária e incontida onde pessoas e grupos saem desesperadamente à procura de descamisados para oferecer-lhes guloseimas e outras benesses temporárias. Nos tempos modernos essas ações passaram a ser noticiadas nas redes sociais como forma de certificar a idoneidade e o bom caráter daquele que se preocupa com pessoas nessa condição social. É algo tão maravilhoso como a busca de crianças remelentas para abraçar políticos durante as campanhas eleitorais. “

“Policial novato, armamento falhando, exagero de ego e falta de comando: eis os ingredientes mágicos dos boletins trágicos.”

“Defendo um mundo com mais livros, menos armas e nada, absolutamente nada de catupiry.”

“Aquele que sai procurando o que não perdeu, sempre encontra alguém que não tem nada a perder !”

“Sem querer abusar da ironia, digo a você que acaba de completar 40 anos: há um paradoxo naquilo que te ensinaram. Não existe nenhuma evidência de que você tenha atingido a metade da vida. Provavelmente, essa metade vindoura será menor que aquela já consumada. Vou lhe explicar por metáfora: sabe aquela laranja que a gente descasca e chupa ? Então, raramente ela é cortada meio a meio. Ainda que pareça pleonasmo, ela normalmente divide-se em uma parte maior (que representa a vida até os 40) e a tampinha que representa o futuro. Também não acredite que depois dos 60 o vivente encontrará a `melhor idade` - esse termo é uma perífrase, que os linguagistas adotaram por puro eufemismo. “

“Estamos num ambiente desconfortável, cheio de gente parada que fica discutindo entre si. Ninguém mais suporta isso. A todo momento o dirigente provoca um solavanco. Qualquer sopro externo nos tira do rumo. O mundo moderno vai ficando cada vez mais distante da nossa realidade. Como é difícil conviver com esse retrocesso, parece que estamos na década de 1960. Essa viagem na Kombi parece não terminar nunca !”

“O locutor gaúcho acaba de anunciar que: `escoregou` uma `careta` `caregada` de `macarão` na `sera` de `Soriso`.

“O tempo passa, a terra gira e o mundo dá muitas voltas. Só a tia Márcia continua morando exatamente no mesmo lugar. A mesma pintura da casa, agora já descascada. A mesma solteirice, sem ambição nem projeto de futuro. A mesma blusa cor de manga, já num tom amarronzado e com um fio de cabelo branco impregnado. A vida passou e a tia Márcia ficou lá, parada no ponto de partida. Ninguém decifra a vibe dela e ela nem sabe o que é vibe. Tia Márcia não sabe mexer no celular, em compensação, sabe fazer um bolo de fubá e um café passado na hora daqueles que não se encontra em cafeteria nenhuma do mundo. Quando recebe visitas, não gosta que tirem nada do lugar. Da velha televisão, tem medo que mexam no botão e tirem do canal costumeiro que assiste todos os dias desde os tempos de `Roque Santeiro`. Ontem ela se mostrou feliz com o fim do horário de verão. O que isso implica pra ela ? Só sai de casa uma vez por mês pra ir no mercado e sacar a pensão, e às vezes vai ao posto de saúde pegar remédio e medir a pressão. “

“Pobre só para no topo quando quebra a roda gigante. “

“Não sou dono de motel, mas vivo de momentos.”

Almoço de domingo é cunhado chegando atrasado trazendo ensacado um pernil congelado; criança suja pulando no sofá, gritando e berrando pra cá e pra lá. É a tia que faz a lasanha com sete camadas toda comprimida e nada de achar o recheio, nem mesmo de carne moída. A mulher já fica estressada falando que virou empregada. A irmã já entrou emburrada por causa de fofoca e conversa fiada. Cada um levanta um assunto e vira uma prosa cansativa, a velha fala de doença e da inflamação da gengiva. O almoço já saiu tarde e pede pro primo fazer a oração, ele se empolga e fala demais, achando que é a hora da pregação. Já passa das três da tarde e nada do povo ir embora, largo eles e vou pra cama porque já deu minha hora.

“Quem tem telhado de vidro .... paga menos conta de energia !”

“Sou gordo e não dispenso um convite para caminhada, desde que seja no corredor do supermercado.”

“Jogadores de truco mentem, assim como os vendedores de empréstimos consignados e os gordos que afirmam que não jantam.”

“A grande vantagem de ser portador de feiura é que com o passar do tempo o sujeito continua desabonitado do mesmo jeito. Gente feia não enfeice !
É como se fosse um objeto que não se desvaloriza mais. Isso já está precificado na existência do indivíduo.”

“A juventude passa, a beleza passa, a cachaça passa, o cachorro passa, a uva passa ... Tudo passa (e às vezes até repassa). “

“O uso da palavra denegrir é politicamente incorreto. No Brasil atual quase tudo virou politicamente incorreto. A bem da verdade, tudo que é `politicamente` é possivelmente incorreto.”