Coleção pessoal de OswaldoWendell

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É preciso levar certas coisas na brincadeira, incluindo aquelas que outros levariam mais a sério. Assim, demonstra-se amabilidade e se lança um ímã no coração dos outros.

Os homens notáveis conseguem com graça e humor granjear a simpatia geral. Contudo, tem o devido respeito para com a prudência e nunca rompem com o decoro.

Com moderação, ter um caráter jovial é um dom, senão um defeito. Uma pitada de espírito é um bom tempero.

Vá devagar quando teme afundar.
Que a argúcia estude o caminho e a prudência o conduza a terreno firme. Hoje em dia há baixios no trato com os outros, e o melhor é ir lançando a sonda.

A discrição condena a ação precipitada ao fracasso, embora a sorte às vezes a salve.

A insensatez sempre se precipita à ação, mas a prudência se introduz com todo o cuidado. A cautela e a perspicácia a precedem, abrindo caminho para que possa avançar com segurança.

A insensatez sempre se precipita à ação, pois todos os tolos são corajosos. Sua própria ingenuidade, que não os deixa prever o perigo, os impede de se preocupar com a reputação.

Importa saber se adaptar. Ser um Proteu de discrição. Culto com os cultos, santo com os santos. Eis uma ótima maneira de conquistar a boa vontade dos outros, pois a semelhança gera benevolência.
Observe os temperamentos, e se adapte a cada um. Com aquele que é sério ou jovial, acompanhe a corrente e, polidamente, transforme-se. Essa aptidão é necessária em especial para quem depende dos outros.

Não existe humor pior do que o contínuo.
Há momentos para a alegria, mas o resto do tempo pertence à seriedade.

Não existe humor pior do que o contínuo.

Não brincar o tempo todo.
Quem vive brincando não é visto como um homem de respeito. São igualados aos mentirosos, e nunca lhes dão crédito. De um tememos a trapaça, do outro a zombaria. Nunca se sabe quando os gaiatos estão exercitando o discernimento, o que equivale a não tê-lo.
(A Arte da Prudência)

A prudência é conhecida pela seriedade, e granjeia mais respeito do que o talento.

O que afugenta a inveja incentiva a generosidade.

Nada torna o espírito tão ambicioso quanto o clarim da glória alheia.

Escolher um modelo heróico, mais para competir do que imitar.
Alexandre, o Grande, chorou à sepultura de Aquiles, não pelo lendário herói grego, mas por si próprio, pois, ao contrário daquele, Alexandre ainda não nascera para a fama.
[Segundo Plutarco, Alexandre, o Grande, chorou de inveja ante a sepultura de Aquiles, porque este, felizardo o bastante, fora imortalizado por Homero.]

As "feras" mais perigosas vivem nos lugares mais povoados. Ser intratável é o vício daqueles que carecem de autoconhecimento e mudam os humores conforme as honras.

A eles um castigo refinado: evite-os por completo. Aplique sua sabedoria em outros.

O Chefe Político
Possuímos, segundo dizem os entendidos, três poderes: o Executivo, que é o dono da casa, o Legislativo e o Judiciário, domésticos, moços de recados; gente assalariada para o patrão fazer figura e deitar empáfia diante das visitas. Resta ainda um quarto poder, coisa vaga, imponderável, mas que é tacitamente considerado o sumário dos outros três. (...) Aí está o rombo na Constituição quando ela for revista, metendo-se nela a figura interessante do chefe político, que é a única força de verdade. O resto é lorota.”
(Graciliano Ramos, em artigo de 1915, no Jornal de Alagoas)

Toda a vida é uma escravidão:
Estamos todos ligados à fortuna: para uns a cadeia é de ouro e frouxa, para outros é apertada e grosseira; mas que importa? Todos os homens participam do mesmo cativeiro, e aqueles que encadeiam os outros, não são menos algemados; pois tu não afirmarás, suponho eu, que os ferros são menos pesados quando levados no braço esquerdo. As honras prendem este, a riqueza aquele outro; este leva o peso de sua nobreza, aquele o de sua obscuridade; um curva a cabeça sob a tirania; a este sua permanência num lugar é imposta pelo exílio, àquele outro pelo sacerdócio. Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre qualquer coisa para consolo.”
(Da Tranquilidade da Alma)

Canção do Remendo e do Casaco:

Sempre que o nosso casaco se rasga
vocês vêm correndo dizer: assim não pode ser; isso vai acabar, custe o que custar!
Cheios de fé vão aos senhores
enquanto nós, cheios de frio, aguardamos.
E ao voltar, sempre triunfantes,
nos mostram o que por nós conquistam:
Um pequeno remendo.
Ótimo, eis o remendo.
Mas onde está
o nosso casaco?
Sempre que nós gritamos de fome
vocês vêm correndo dizer: Isso não vai continuar,
é preciso ajudá-los, custe o que custar!
E cheios de ardor vão aos senhores
enquanto nós, com ardor no estômago, esperamos.
E ao voltar, sempre triunfantes,
exibem a grande conquista:
um pedacinho de pão.
Que bom, este é o pedaço de pão,
mas onde está
o pão?
Não precisamos só do remendo,
precisamos o casaco inteiro.
Não precisamos de pedaços de pão,
precisamos de pão verdadeiro.
Não precisamos só do emprego,
toda a fábrica precisamos.
E mais o carvão.
E mais as minas.
O povo no poder.
É disso que precisamos.
Que tem vocês
a nos dar?

“Visto que a autoridade sempre exige obediência, ela é comumente confundida com alguma forma de poder ou violência. Contudo, a autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção; onde a força é usada, a autoridade em si mesma fracassou. A autoridade, por outro lado, é incompatível com a persuasão, a qual pressupõe igualdade e opera mediante um processo de argumentação. Onde se utilizam argumentos, a autoridade é colocada em suspenso. Contra a ordem igualitária da persuasão ergue-se a ordem autoritária, que é sempre hierárquica. Se a autoridade deve ser definida de alguma forma, deve sê-lo, então, tanto em contraposição à coerção pela força como à persuasão através de argumentos. (...) A autoridade implica uma obediência na qual os homens retêm sua liberdade”.
(Entre o passado e o futuro)