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As vezes acho que nasci para ser poeta. Ridículo, não?
Daqueles que enchem as linhas de lamurias e acha que, assim, vai conseguir documentar tudo de incomunicável que sente, na certeza de que, verdadeiramente, ninguém se importa com isso, com excessão dele mesmo.
Nasci para chafurdar nas minhas lembranças, como um porco idiota, que rola na lama e, por vezes, se sente feliz com isso.
Tem dias que passo embriagado pelos pensamentos, e o trabalho sai apenas por absoluta rotina. Fico a imaginar uma outra vida qualquer que poderia ter. As vezes acho que uma outra vida não passa de fantasia, que devo aceitar a correnteza deste rio e parar de me debater... deixar a correnteza me levar seja lá para onde for.
Se bem, que eu sei perfeitamente para onde este rio vai. Sei até que não é um lugar ruim. Acho que o problema é justamente este... A falta de emoção, de novidade. De perceber que as coisas são simplesmente o que são, e não mudarão.