Coleção pessoal de Filigranas

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Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo sabe... (Demian)

Nem todo mundo é Fausto.

(Demian)

A parte de minha vida que tive de arrancar às potências sombrias ofereci-a em sacrifício aos poderes luminosos. Meu fim não era o prazer, mas a pureza; não a felicidade, mas a espiritualidade e a beleza.
(Demian)

No fundo eu era assim! Eu que caminhava pelo mundo, insulado em meu desprezo! Eu, que sentia o orgulho da inteligência e compartilhava de pensamentos de Demian! Isso é que eu era: lixo, escória, bêbado e mesquinho, repugnante e grosseiro, uma besta selvagem dominada por instintos asquerosos. (…) Eu, que havia dominado a música de Bach e as belas poesias! Dominado pelo asco e pela indignação, ouvia ainda o meu próprio riso, um riso ébrio, desenfreado, que fluía aos borbotões, estúpido. Aquilo era eu!
(Demian)

Exatamente como a árvore do outono que não sente o perder de suas folhas nem quando a chuva, a geada e o sol lhe resvalam pelo tronco, e a vida se retira para o mais íntimo e recôndito de si mesma. Ela não morre. Espera.
(Demian)

As palavras engenhosas não têm qualquer valor, absolutamente nenhum. Só conseguem afastar-vos de nós mesmos. E afastar-se de si mesmo é um pecado. É preciso que se saiba encerrar-se em si mesmo, como a tartaruga.
(Demian)

Quando um animal ou um homem orienta toda sua atenção e toda sua força de vontade para determinado fim, acaba por consegui-lo.
(Demian)

Hoje sei muito bem que nada na vida repugna tanto ao homem do que seguir pelo caminho que o conduz a si mesmo!

E eu, que já era Caim e levava a marca na fronte, imaginara naquele instante exato que o sinal não era um estigma infamante, mas antes um distintivo e que minha maldade e infelicidade me faziam superior a meu ai, superior aos homens bons e piedosos.
(Demian)

Pela primeira vez saboreei a morte, e ela tinha um gosto amargo, pois é nascimento, é angústia e pavor ante uma renovação aterradora.
(Demian)

Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode.
(Demian)

Minha história é, no entanto, para mim, mais importante do que a de qualquer poeta é para ele, pois é a minha própria história, e é a história de um homem – não de um personagem inventado, possível ou inexistente em qualquer outra forma, mas a de um homem real, único e vivo.
(Demian)

Cantar, só, não fazia mal, não era pecado. As estradas cantam. E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Quando o coração está mandando, todo tempo é tempo!
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

E tudo foi bem assim, porque tinha de ser, já que assim foi.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Para quem não sai, em tempo, de cima da linha, até apito de trem é mau agouro.

Quando chega o dia da casa cair (…) é um dia de chegada infalível, – o dono pode estar: de dentro, ou de fora. É melhor de fora.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Sorte nunca é de um só, é de dois, é de todos... Sorte nasce cada manhã, e já está velha ao meio-dia...

Gostava dela, muito…Mais do que ele mesmo dizia, mais do que ele mesmo sabia, de maneira que a gente deve gostar. E tinha uma força grande, de amor calado, e uma paciência quente, cantada, para chamar pelo seu nome.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Era fim de outubro, em ano resseco. Um cachorro soletrava, longe, um mesmo nome, sem sentido. E ia, no alto do mato, a lentidão da lua.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)