Boas Vindas
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Termine cada dia e esteja contente com ele. Você fez o que pôde. Alguns enganos e tolices se infiltraram indubitavelmente; esqueça-os tão logo você consiga. Amanhã é um novo dia; comece-o bem e serenamente com um espírito elevado demais para ser incomodado pelas tolices do passado.
De repente num momento fugaz,
os fogos de artifício anunciam
que o ano novo está presente
e o ano velho ficou para trás.
De repente, num instante fugaz,
as taças se cruzam
e o champanhe borbulhante anuncia que o ano velho se foi e o ano novo chegou.
De repente, os olhos se cruzam,
as mãos se entrelaçam
e os seres humanos,
num abraço caloroso,
num só pensamento,
exprimem um só desejo
e uma só aspiração:
PAZ e AMOR.
De repente, não importa a nação;
não importa a língua,
não importa a cor,
não importa a origem,
porque sendo humanos e descendentes de um só Pai,
lembramo-nos apenas de um só verbo: AMOR.
De repente, sem mágoa, sem rancor, sem ódio,
cantamos uma só canção,
um só hino:
o da LIBERDADE.
De repente, esquecemos e lembramos do futuro venturoso,
e de como é bom VIVER.
Nós, poetas, na nossa mocidade começamos com alegria, / Mas daí passamos finalmente ao desalento e à loucura.
Ela
Mas que haverá com a Lua, que sempre que a gente a olha, é com um novo espanto?
O amor faz-nos viver no futuro quando se é novo, no passado quando se é velho; e no céu durante um dia.
Dez Chamamentos ao Amigo
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
Não há prazer comparável ao de encontrar um velho amigo, a não ser o de fazer um novo.