Tiago landeira

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O cio



Não lembra dia
Mas nascem os sons e vem
Chegando de longe, flutuando sobre tudo
Despertando o espaço, agredindo o interior

O frio, o cio altera

Transtorna, transvia os lados
Corre de medo, de desejo
Sangra o chão, de costas expostas
Uiva a solidão; olha turvo, rachado
Detém de sair e ir. Saga ácida
Arrebata voraz a alma do fundo refúgio
É grito. Insistência rígida em cega sombra


E rasga a noite perdida e armada.

Inserida por landeira

Que ave também não para de voar?
Que eu?

Verdade.
Açoites à ilusão. O ronco dos sintomas.
Liberdade,
Eternidade alcançada.
Os pensamentos se guiam sempre solitários.
Não perduram até importar.
Em voltas e voltas.
Reverência, sabedoria e o silêncio,
Então a voz do tempo.
O momento reverte, envolve e se apaga.

Inserida por landeira

Não precisar


Ninguém hoje; nem os mais chegados ou os que recordo.
Interseções são interferências. E cabem hoje fora de mim apenas.
Estou cheio de tudo aqui. De colecionar, de visitar, de ver o pôr-do-sol a dois. Às cinco.
Hoje não.
Sirvo-me de um comprimido de “se cuide”, e quero sair só, e ficar aqui sem vento, rodeado de silêncio e dos fluxos do tempo que passem.
Com minhas roupas ao meu toque. À dispensa de qualquer compreensão.
Sem ter que atender chamados; olhar pra os lados.
Esperar. Esperar respostas. Não.
Participar sozinho do passado agora. A vírgula entre.
Não quero preparar mais o momento de chorar, a cama pra deitar...
E que tudo seja mais uma vez surpresa, mais ainda do que a vontade de prevenir.
Quero sim, mais de mim sem destino conhecido; sem resultados.
Me soltem as cordas, os loucos e seus venenos.
Vão para lá prender os seus umbigos e um bom dia mais cedo ou mais tarde.
Sou minhas decisões e estão todas suspensas.

Meu fôlego é quem respira.
Me vejo o que vejo florir.
E onde mato, como, beijo, e me molho é meu começo.
O fim é o meu fim.

Inserida por landeira

Meu coração


Terra estranha onde se entrega o ouro aos sentimentos.
Quando os votos se dão por estações.
Onde do ser será percebido o outro.
Lugar das palavras mais pesadas.
As que calam.

Inserida por landeira

Independente


Passos, fardas e senhas de acesso que cabem na data do dia.
Trânsitos independentes.
Pessoas, verbos de ação e ventríloquos. Independentes.
E cabe no presente o que passa e o que fica.
Como independente cabe a sorte dentro de tardes e noites.
Ajustes também são realizações. Independentes.
E cabem medidas dentro de qualquer desejo.
Como a necessidade não tem fim em se refazer.
Como as águas são independentes. Seiva, suor, sede.

E no mar cabem destinos. E cabe na lágrima um fim inteiro.
Como cabe existir dentro de nada saber.

Inserida por landeira

Veias


Espanto de acordar
Nascimento machucado
Arrancado da ilusão
Veias encharcadas de vícios
O grito inteiro da pele
Arrepio riscado nas entranhas
A energia nervosa
Cacos, talhos
Garganta varada em tosses
Ranhuras, pontas
Lâmina do olhar perfurante
Sangue
Sangue
Sangue
Partes e sobras de toda realidade
Das mãos secas e do coração
Das mãos cheias e do coração

Inserida por landeira

Equívocos



Reflexos de onde se espera checar a própria imagem.
Vidros, olhos e espelhos d’água.
Coletivos. Reputação.
Em razões consideráveis ou inquestionáveis repercuti um longo caminho até serem estabelecidas.
Recebidas apenas pelo que se vê.
Na tolerância dos respeitos cegos.
Quem as percebe não sabe ao certo se haverá de se repensar, ou se, se descortinarão os acertos.

Mesmo tom


O canto flechado Ferido Dito

Cativo às trancas do cio

A terminar o giro Os toques

Perdido Sem medo

Futuro Eternidade enfim

Ser longo

Saudade tão alta Silêncio

O mesmo tom. O mesmo tom.

Inserida por landeira

Motivos


Parto do ponto que preciso então
Nem mar
Nem barulho de chuva
Nem toque
Só corpo, alma e vontades até não escolhidas
Luz existindo em meus olhos fechados
Só o caminho

Não sei do que faz ser humano
Nem do que faz ser triste
Os motivos são valores exclusivos em toda natureza
Apenas são inteiros e vão cabendo e sobrando
Até o momento que anseio... Que creio
Entre flores desabrochando e pétalas caindo

Inserida por landeira

Inocência


Depois de tudo revelado até a saudade se perde
Engano e verdade sendo a mesma dentro dele
Ilegítimo por ter se valido como igual
Igual antes de traído
Aparências camufladas e cúmplices
Não lhe interessam os erros depois da escolha feita
Depois de descobrir ser a sombra
Tendo apontado às costas o canhão de luz

E o olho não enxerga atrás

Desdobra o lamento de ter todo falso tesouro reluzindo nas mãos
Como choro na canção onde entre os dedos estão apenas cordas
E se pergunta quantas vezes terá de renascer nesta mesma hora
Quando sozinho esteve, cantou e ardeu em paixões de sua parte inteiro
Quando inteiro o seu mundo não foi nem metade pra ele

Inserida por landeira

Antigua Mirada


Me desperté
Cielos frios
Sombras de piedra derramada en la lluvia
Mis engaños, una otra lengua
Ruinas de ahora hasta siempre
Miradas desde la luna
Miradas desde muy dentro de mi

Inserida por landeira

A cortina



Quero a cortina dos meus olhos
O centro de ser livre
Palco escuro
O meu lugar mais bem vindo
Grito dentro da dor
A causa, a língua

Afora me trai a luz
Viola os meus argumentos
E correm de medo os conselhos soltos em multidão
Querem ser verdade; algum propósito
Se proteger em quem lhes caiba
Se anular nas chances imperdíveis

Mas aqui estou mais cedo ainda
Detrás das cortinas dos meus olhos
Ouvindo toda barulheira alimentando aplausos
Em qualidade pobre de almas
Gritos violentos fora da dor
Risos em falsetes
Escândalos sem crise

Não sou eu assim
Ainda quero estar aqui
Venho daqui
A arte primeira
O meu êxito
Não me penso transmitir
Hoje ainda quero estar aqui

Sonho aqui


Para que sonhos partir,
Quando os sonhos estão nas palavras?
Ao cedo? Ao gosto? A opção?
À frente?
A referir e sangrar em qualquer parte?
Mesmo que vingue? Mesmo que desperte?
Até o possível? Até a verdade?
Mesmo que se queira sumir?
O melhor do mundo é a realidade.
Se foi sonho ou se não pensada.
O acontecimento. O pulso. A chegada. A volta.
Tempo e posição. Ponto cravado.

Logo vejo que fico.

Inserida por landeira

Gotas


Como estátuas de gelo
Derretemos lento
Em gotas, gotas
Sentimentos atados à alma por lembranças que fazem chorar
Percorrendo caminhos na pele
Sem temperatura, sem tempo
Acabando enquanto descem
Enquanto toque

Inserida por landeira

Tuas partes


Quero a saudade.
É ela a tua impressão em mim de novo.
E sinto sozinho, as mágoas que trazem tuas outras partes.
São mágoas e as quero pra mim, mesmo sem minhas lágrimas assistidas por você.
São tuas partes e mesmo sem cheiro quero sim.
Como a lembrança que te traz ao dia de tua chegada.
Onde não era o lugar e nem o tempo que me dizia tua escolha.

Inserida por landeira

Em seis horas

O peso dos ombros, a coluna ereta
Riso, óculos e chapéu
Combinados e prontos pra sair
A identidade pintada para poder pisar a calçada e cuspir na rua

Até terminei de escrever as falas
Mas eram tristes para o dia de hoje que enchi a cabeça de cores
Ausentando-me do sopro frágil do suspiro
Ausentando-me da saudade da presença

Enxergando nas mãos o interior
Revolvo os motivos
Os utensílios, os vícios
Ressignificando o que me toca com ou sem dor

A estação é a mesma, ainda não passou.

Inserida por landeira

Solo e luz.
Também sou verde.

Inserida por landeira

Minimalismo,
muito espaço pra se pensar.

Animais. Todos, simplesmente.

Inserida por landeira

Qual ave não para de voar?

Inserida por landeira

Sentir suficiente
Quando queira ser ilusão

Inserida por landeira

Escalas


Vem daí
Vem no movimento
Sobe com as escalas
Me busca aqui em cima
Te olho ladeira
Deixa chover
Segue a máscara, segue e escala
Em meu rastro você me chega
Olhando pra mim
Bem perto aqui
Me alcança nesse dia feito pra nós
Tempos mais vão correr sem você
Mas hoje o tempo é comigo

Inserida por landeira

Surge em minha miragem.
Vem! Pega em minha mão.
E quando em todas as vezes que estamos,
Floresce meu jardim inteiro com todas as frutas já maduras.

Inserida por landeira

A lealdade a si pode estar no dever simples de não se enganar

Inserida por landeira

Por tudo quanto vale viver...
...Por Deus... ...ou por mim.

Inserida por landeira