Das delicadezas que a vida ensina, o mais bonito sempre fica:
Os laços que se formam entre duas almas também são formas de abraço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braçanão.
Alguém me disse, com a voz embargada, que agora, sim, estava convencido da existência de Deus, porque os trabalhos psicografados de Humberto de Campos eram evidentemente dele mesmo.
- Mas isso não prova a existência de Deus... Prova apenas a existência de Humberto de Campos.
Nos foram dadas duas pernas para andar, as duas mãos para segurar, dois ouvidos para ouvir, dois olhos para ver…mas por que só um coração? Porque o outro foi dado a alguém para nos encontrar.
E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas...Aí vai!
Ah! quanta vez a vida nos revela que "a saudade da amada criatura" é bem melhor do que a presença dela.
A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas, que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta!
Ah, sim, a velha poesia...
Poesia, a minha velha amiga...
eu entrego-lhe tudo
a que os outros não dão importância nenhuma...
a saber:
o silêncio dos velhos corredores
uma esquina
uma lua
(porque há muitas, muitas luas...)
o primeiro olhar daquela primeira namorada
que ainda ilumina, ó alma,
como uma tênue luz de lamparina,
a tua câmara de horrores.
E os grilos?
Não estão ouvindo lá fora, os grilos?
Sim, os grilos...
Os grilos são os poetas mortos.
Entrego-lhes grilos aos milhões um lápis verde um retrato
amarelecido um velho ovo de costura os teus pecados
as reivindicações as explicações - menos
o dar de ombros e os risos contidos
mas
todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte
as explosões de cólera
o ranger de dentes
as alegrias agudas até o grito
a dança dos ossos...
Pois bem,
às vezes
de tudo quanto lhe entrego, a Poesia faz uma coisa que
parece que nada tem a ver com os ingredientes mas que
tem por isso mesmo um sabor total: eternamente esse
gosto de nunca e de sempre.
Se tu me amas...ama-me baixinho.
Nota: Versão adaptada de trecho de Link
Como um cego, grita a gente: ‘Felicidade, onde estás?’ Ou vai-nos andando à frente, ou ficou lá para trás.
Qualquer um pode se tornar um poeta quando está amando, o duro é ter que se fazer de um justamente por não estar.
Como perdoar aos inimigos
Perdoas... és cristão... bem o compreendo...
E é mais cômodo, em suma.
Não desculpes, porém, coisa nenhuma,
Que eles bem sabem o que estão fazendo...
A verdade é que os bichos, quando imitam as pessoas, perdem toda a dignidade.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.