Marcella Fernanda

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Eu nunca fui do tipo decidida, que tem certeza do que quer, essa gente que sabe a profissão desde criança. Minhas decisões acontecem, mas quando acontecem, são permanentes como se eu soubesse desde os sete anos de idade. Eu gosto de culpar meu signo, ascendente, a lua e todos os astros, uma indecisão e instabilidade que me foram fardadas no alinhamento do sol com a terra, coisas maiores que eu. Talvez por isso eu considere tão importante as raras vezes em que eu tenho certeza de alguma coisa, do que eu sinto, do que eu quero. Poucos entendem e não adiantaria explicar essa viagem astral, mas quando eu falo “Eu quero!”, meu Deus, eu quero de verdade e ninguém tem noção do quanto- nem eu. Afirmação que não se faz da noite pro dia, entende? Não eu, não nos meus dias em corda bamba. Preciso experimentar todas as coisas que eu não quero, pra construir essa certeza. Mas aí é certeza mesmo, tão concreta que pesa. E é por isso que, mesmo com tudo isso, mesmo com esse mapa astral desalinhado, sou muito mais segura da minha vida e bem resolvida do que muita gente pulso firme. Essas pessoas acomodadas em certezas incertas, porque são decididas demais pra se arriscarem em vão. Só que o que é em vão, se tudo vira parte do que eu sou e traça o que eu quero ser? O que é mais em vão do que abrir mão de vida por uma zona de conforto? Eu confesso que não sei lidar quando desconheço aonde eu tô pisando. Mas eu nunca paro de andar e essa é a minha certeza mais sólida. Pode parecer pouco, mas levei a vida inteira pra construir.

Amor não é aquilo que tudo suporta, que pede, suplica, implora. Amor é nenhum dos dois irem embora, apesar das portas abertas. O resto é besteira da boca pra fora e isso eu dispenso, obrigada. Aconteça o que acontecer, eu não morro.

Me prova de uma vez por todas que você não tá pronto pra isso, corta de vez minhas esperanças que, por mais que eu não regue, insistem em permanecerem vivas.

Coração esperto, já tava na hora de aprender a lei da selva.

Inserida por JacqueLobo

Que ano que vem seja leve, é só o que eu desejo. Sem promessas furadas de ano novo, sem expectativas baratas, sem começar me iludindo, como sempre. Vou dar o meu melhor, como sempre dei, vou tentar maquiar as cicatrizes, como sempre tentei, vou estampar meu sorriso pra dor, como sempre fiz. Acredito num ano melhor, não por clichê, mas porque eu mudei. Não sou mais a garotinha assustada, abraçando as pernas no canto do quarto. Já caí, levantei e tô andando de salto alto. Não virei a mulher-maravilha, longe disso, mas andei sendo bem mais corajosa do que muita gente que paga de malandra por aí. O que vier, eu encaro, mas que venha de verdade! Não ameace vir, não venha pela metade, me poupe do mais ou menos. Tô, de fato, mais exigente, mas pro ano que vem só peço paz e amor, um grande amor, como pedi ano passado. Só que dessa vez, queria um grande amor por mim mesma, pode ser? Pensa com carinho aí em cima. Novos tempos. Feliz ano novo.

Dizem que quem gosta corre atrás; o que me assusta é duvidar de sentimentos porque as atitudes não estão de acordo com os padrões.

Inserida por JacqueLobo

Quantas vezes a gente pesa na medida e despenca das linhas tênues? Linha tênue é especialmente desesperador pra mim, que não sou uma grande amiga ou conhecedora das medidas certas. Linha tênue entre ser sincera e grossa, entre ser boa demais e ótária, entre se amar e ser narcisista, entre realista e pessimista, desapegada e frígida, elas são milhares e as minhas quedas também, caio quase todos os dias. A que mais me assusta, é também a que eu vivo despencando: a linha entre amar e estar deslumbrada. Tombo feio. Queda recente, inclusive. Porque é muito fácil se encantar com um excesso de atenção e admiração preciptada de um carinha que você aparentemente gosta. E muito natural se acomodar nisso, como quem deita na cama quentinha, depois de um longo dia frio. Passar a enxergar nele mil possibilidades e um futuro promissor, como um tipo de salvação, sem parar pra analisar quem realmente ele é, pra não estragar a magia da coisa. É fácil e automático ignorar todos os mil indícios de que isso nunca daria certo e do quanto ele é errado pra você. O difícil, quase impossível, é a cama quentinha ser, de fato, a nossa. Sempre puxam as cobertas, tão rápido que primeiro eu sinto frio e só depois entendo que estou descoberta. Depois da queda, eu quis entender, confesso. Eram mais de 50 porquês, enumerados por ordem de importância e prontos para serem disparados, como uma metralhadora, sem dó. Só que todo e qualquer questionamento não passa de um grito no vácuo, fazer perguntas que o outro nem pode responder, porque eu consigo ver tudo muito mais claro e de um ângulo mais profundo, de um jeito que ele talvez nunca consiga observar nada na vida. Eu sei. Porque ele não é meu lar, nem minha cama. Ele não é ninguém, é só um cara desinteressante e ele quem, no fundo, precisa de respostas. Deixa pra lá, viro as costas. E fico a sensação de que a resposta é essa: Em que mundo eu cogitei a possibilidade de dar certo com alguém tão sem tudo que me tira o fôlego? Até que durou. Talvez não muito, mas durou tempo suficiente pra eu ser tempestade- porque é isso que eu sou. Então durou o que tinha que ter durado. Morto e enterrado, volto a me equilibrar.

A grande doença do século XXI, só importa o poder, a posse, ganhar, dominar e exibir. Não sou troféu. Não sou uma poodle. Não sou desse tipo de mulher pequena, que se carrega no bolso. Graças a Deus! Sorte a minha. Azar o de vocês.

Inserida por marianaramalhoo

Sou tudo que os meus vinte e poucos anos me trouxeram. Sou uma coleção de erros, que se aglomeraram e construíram minha essência, minhas certezas, ideologias e caráter. Já fui a prepotência de pensar que sei tudo da vida, hoje eu sou a senhora só da minha razão. Aprendi, aos trancos, a importância da flexibilidade, porque a verdade é só um ponto de vista.

Aprendi também a conjugar o verbo ceder, principalmente na primeira pessoa do singular e confesso que esse é um exercício diário. A cada dia aprendo mais e sei menos. Sempre que me aprofundo demais nas coisas, penso automaticamente na frase “a ignorância é uma bênção”. É mesmo. De longe tudo é tão mais bonito e nada dói. Mas sem a dor, talvez eu ainda fosse a garotinha de laço cor de rosa, no pátio do intervalo, tendo certeza que uma gota é o oceano. Eu já teria sido engolida pela imensidão que é viver.

Há pouco tempo atrás eu tava planejando a minha vida adulta e, de repente, já não posso mais transferir minhas responsabilidades e culpas pra amanhã. E foi muito difícil conseguir me posicionar pro mundo. Pra todo mundo tão viciado em apontar o dedo, ignorar os acertos e te crucificar pelo resto da vida pelos erros, mesmo se forem pequenos.

Já me apaixonei por caras desinteressantes e jurei que eram os amores da minha vida. Já acreditei em promessas absurdas, em absolutamente tudo que me era dito, porque nunca entendi a necessidade de mentir. Mas as pessoas precisam e é isso, não tem porquê. Fiquei desacreditada. Foi complicado aprender a dizer “Não” e pareceu impossível prolongar a sentença: “Não, assim eu não quero. Isso não me faz bem, então não vou deixar que me faça mal. Tchau.” Depois ir embora ficou tão fácil, que a dificuldade era ficar. Virei impermanente.

Tentei segurar as mãos de pessoas que tentavam segurar o mundo, fiquei sem forças, odiei a liberdade. De vodka em vodka, vazio em vazio, me vi abraçando o mundo também. Virei libertina. Com o mesmo discurso de desapego e vida breve que eu sempre detestei, mas começou a fazer muito sentido e me parecia muito justo levando em conta o gosto de cada lágrima que eu já senti. Voar não doía, viciei.

E no céu, entre as nuvens, é muito fácil confundir valores, embaralhar as prioridades e se perder. Eu também quase me perdi. Amigo de balada não é amigo. Meus amigos de verdade são parte de mim e merecem o topo das minhas prioridades. Amores não são necessariamente pra sempre e quando acaba, não quer dizer que não deu certo ou que não foi amor. Histórias inesquecíveis e lindas podem ser curtas. Minha família é o meu chão, o bem mais precioso que eu tenho na vida. Não vale a pena se fechar pro mundo, porque as coisas boas são tão maiores que as ruins.

Por fim, tô aprendendo que desapego é uma dádiva, de fato. Faz milagres, mas exige uma certa precaução e medida. A gente tende a querer desapegar de Deus e o mundo, quando deveria desapegar só do que faz mal. Felicidade não é uma utopia ou um amanhã que sempre fica pra amanhã. Felicidade é agora, é cada minuto com quem quer meu bem, quem tá do meu lado. Felicidade é ser quem eu sou, quem eu me transformei, em meio à tanta esquina errada e gente querendo me puxar pra trás.

Hoje eu sou livre. E não tô me referindo á status de relacionamento não. Sou livre porque me despi dos meus medos, das minhas culpas e armaduras. Porque me desculpei por não ser perfeita e parei de me cobrar isso. Sou livre pra escolher meu destino, mudar de opinião e me reinventar sempre que achar necessário. Sou livre e aceito as minhas consequências, porque aprendi a ter e viver meus vinte e poucos anos.

-Sabe, é muito difícil aceitar um fim, quando o ponto final não parte de nós. Mas qualquer dor é melhor que ficar sofrendo sempre ao lado de alguém que não reconhece o nosso valor, não faz questão da gente. E ficar fazendo planos e contando sonhos pra uma pessoa que não te inclui nem no plano de ir a uma droga de churrasco no fim de semana. E no início tudo pesa, existir pesa. Mas aí as lágrimas secam e você percebe que nunca foi amor. Nunca foi recíproco. Aí você adiciona na lista de ilusões e foca o pensamento em outras coisas, pessoas, em você. E aprende a se amar sozinha pra nunca mais aceitar ser amada pela metade e ainda agradecer. Hoje eu ando em paz, porque não caminho mais sozinha ou pela metade. Sempre me acompanho e, antes de alguém elogiar meu vestido ou cabelo, eu já o fiz antes de sair. Tá vendo esse sorriso? Eu protejo com meu batom vermelho e, mesmo sem vontade, sorrio. Porque minha felicidade é isso, eu, comigo, por mim. E depois que eu entendi tudo isso, todo o resto aconteceu de forma natural. Então passa esse batom e nunca mais deixa ninguém roubar essa paz do seu sorriso, porque nunca vale a pena!" E a moça continuou seu caminho. A menina limpou a última lágrima, passou o batom vermelho e seu vestido começou a voar.

Inserida por lineclaro19

Me tira do sério gente que tem necessidade de atenção, de gritar pro mundo o quanto é foda

Inserida por lineclaro19

Tô aprendendo que desapego é uma dádiva, de fato. Faz milagres, mas exige uma certa precaução e medida. A gente tende a querer desapegar de Deus e o mundo, quando deveria desapegar só do que faz mal. Felicidade não é uma utopia ou um amanhã que sempre fica pra amanhã. Felicidade é agora, é cada minuto com quem quer meu bem, quem tá do meu lado. Felicidade é ser quem eu sou, quem eu me transformei, em meio à tanta esquina errada e gente querendo me puxar pra trás.

Agora são só duas opções: Me faz muito mais feliz ou me deixa em paz. Porque feliz eu já sou, e me roubarem a felicidade, eu não deixo mais.

Inserida por JacqueLobo

O tempo que eu vou levar pra superar nosso fim antes do fim pode ser o tempo que levaria pro fim acontecer sem dor e no seu devido tempo. Quem sabe?

Inserida por JacqueLobo

Quando der, a gente se vê, quando não, não vou mais me importar. Tô contigo, mas sou minha, não me deixo esquecer. Agora eu tô afim de voar também, bem alto. Então faz assim, entra e fica a vontade, mas deixa a porta aberta.

Inserida por JacqueLobo

Sempre fui fiel a mim, podia ser de alguém por uns dias, mas no fim das contas era sempre comigo que eu terminava.

Inserida por JacqueLobo

Ninguém entende quando eu falo, com a maior propriedade do mundo, que é melhor ficar só, do que mal acompanhada. Não é hipocrisia, eu quero muito um amor verdadeiro, sinto falta de ser dois e não escondo de ninguém que ser sozinha cansa. Mas reforço: quero amor verdadeiro. Menos que isso, eu espirro. É tudo questão de pôr na balança.

Eu ouço sirenes soando e vejo uma faixa amarela em volta, sem saber se anuncia salvação ou perdição. E acho que, na verdade, não quero saber. É bom e basta.

"Por um tempo eu tentei convencer o mundo e a mim mesma, que eu era a menina de decote, maquiagem carregada e risada alta na fila do bar. Mas a verdade é que eu nunca fui. Acho incrível essa forma desapegada de dar sequência na vida, as piadas e histórias loucas e vazias. Mas nunca fui a menina do bar, uma pena. Pra ser sincera, eu tenho preguiça das outras pessoas da fila, dos meninos na porta do banheiro, das músicas sem letra, das cantadas baratas. Não conseguiria ser essa menina, embora ache um jeito bem mais simples de encarar o mundo, porque isso tudo me dá sono, mesmo entupida de energético. Porque antes do fim da noite eu já tô sentada, brincando com o canudo do drink, esperando a hora de ir embora. A impressão que eu tenho é que eu tô sempre esperando a hora de ir embora, de qualquer lugar e qualquer pessoa. A menina da fila tá dançando com o terceiro ou quarto cara da noite. Ela é divertida e linda. E eu queria ser assim, só que as pessoas são tão desinteressantes e previsíveis, que eu prefiro o canudo. Levantei e fui ao banheiro, ela tava lá, retocando a maquiagem. Enquanto eu lavava as mãos, ela arrumava o salto e reclamou “Nossa, dói demais, né? Mulher sofre!”. Eu sorri e concordei. Doía mesmo, quem dera fosse só o salto. Olhando nós duas pelo espelho, uma do lado da outra, a diferença era só o modelo do vestido. Mas éramos muito mais diferentes que isso. Ela tinha paciência com os babacas, o barman lerdo, os amigos bêbados, as meninas de nariz em pé. Ela só queria dançar, beber e curtir, porque a vida é complicada. Eu já entrei cansada e preferia o sofá, o copo, o canudo e todas as coisas sem vida daquele lugar, porque as pessoas são complicadas. Antes eu fosse a menina do bar."
(Marcella Fernanda)

Eu acho que esse é o ridículo da vida, nunca saber a dimensão do espaço que a gente ocupa na vida dos outros, porque ninguém conta pra gente. Com medo de a gente fugir. E, ás vezes, a gente só quer- tanto, ficar.

Uma nova mulher. Tantas novas mulheres, depois de cada fim. Amadurecimento temperado com água e sal. Tanto choro engolido, que a gente termina um pouco salgada também. Males que vem pra bem. Tanto esforço tentando virar mulher demais pra ele, que a gente vira mulher demais pra meio mundo.

Inserida por JacqueLobo

Não tô vivendo um dos momentos mais fáceis da minha vida e o meu reflexo é me isolar. Não ao extremo de ficar trancada no quarto, mas programas leves com amigas muito próximas é o máximo que o meu corpo tem pedido ultimamente. Preguiça de socializar, rir pra parecer simpática, disfarçar a vontade constante de ir embora. Ando sem paciência até pras redes sociais, só queria deitar e esperar o mar ficar mais calmo. Não posso me dar a esse luxo de pausar a vida, tudo bem. É um processo tão interno, que eu nem estaria escrevendo esse texto se não fosse você no meio do caminho. Você que não é pedra, então foge imediatamente do perfil que eu costumo encontrar. Você que faz com que eu queira me isolar a dois e pense que as coisas nem andam tão ruins. Eu queria um jeito de bloquear os flashes da sua mão esquecida na minha coxa ou as lembranças em câmera lenta da sua risada gostosa. Porque ter tanta saudade de algo tão recém nascido me assusta e me parece algum tipo de aborto. Eu ouço sirenes soando e vejo uma faixa amarela em volta, sem saber se anuncia salvação ou perdição. E acho que, na verdade, não quero saber. É bom e basta. Não é assim? Tô quietinha, sem complicar, sem esperar, sem me desesperar calculando o fim. Todo e qualquer alarme é sufocado pelos suspiros de paz a cada mensagem e eu aceito a condição do risco, por todos esses sorrisos impossíveis que você arranca de mim.

De longe, a promessa de encrenca mais deliciosa da minha vida. Então pode fazer tipo, cena e cara de mau, que eu me viro. Vem pra mim e deixa comigo. Que Deus não me proteja de você.

Nem teria condições de travar uma batalha sozinha, porque se só eu me disponho a lutar, acho que não vale mais a pena a luta, perde o sentido.

Inserida por JacqueLobo

A certeza de que é melhor assim me invade e entala na garganta, como um nó. É um soco do amor na minha cara. É golpe baixo de quem tava comigo. E eu não luto contra nenhum dos dois, porque não existiria vitória, mesmo que eu ganhasse.

Inserida por JacqueLobo