Biografia de Castro Alves

Castro Alves

Castro Alves (1847-1871) foi um importante poeta brasileiro, o último grande poeta da Terceira Geração Romântica no Brasil. “O Poeta dos Escravos”.

Castro Alves

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila de Curralinho, hoje Castro Alves, na Bahia, no dia 14 de março de 1847. Nesse mesmo ano, mudou-se com a família para Salvador onde fez os estudos secundários no Ginásio Baiano. Ingressou no curso de Direito no Recife, onde se destacou pela defesa das ideias liberais e abolicionistas.

Em companhia da atriz Eugênia Câmara, por quem se apaixonou, foi para São Paulo, onde concluiu o curso de Direito. Travou contato com Rui Barbosa e Joaquim Nabuco. O rompimento com Eugênia deixou o poeta numa crise de profunda melancolia.

Dedicou-se a caçadas nos arredores da cidade, numa delas feriu o pé com um tiro de espingarda. Removido para o Rio de Janeiro, teve que amputar o pé e, ao mesmo tempo agravou-se sua antiga enfermidade pulmonar. Castro Alves retornou para Salvador e em 1870 publicou “Espumas Flutuantes”, único livro editado em vida.

Vitimado pela tuberculose, Castro Alves faleceu em Salvador, no dia 06 de julho de 1871. Obras póstumas: "Gonzaga ou A Revolução de Minas" (1875), "A Cachoeira de Paulo Afonso" (1876) e "Os Escravos" (1883).

O poeta dos escravos

Castro Alves estudou na Faculdade de Direito do Recife e naquela época, a capital pernambucana efervescia com os ideais abolicionistas e republicanos. Influenciado pelo líder estudantil Tobias Barreto, Castro Alves colocou-se como defensor da justiça e apregoava a liberdade daqueles que viviam a miséria moral.

Castro Alves desenvolveu sua poesia como um grito explosivo a favor dos escravos, sendo por isso denominado o poeta dos escravos ou o poeta da Abolição. Seu poema aborda o tema do inconformismo e da abolição da escravatura através da inspiração épica e da linguagem ousada.

Os poemas “Vozes d’África” e “Navios Negreiros”, pertencentes à obra “Os Escravos” (publicado postumamente) e exemplificam seu idealismo social. No poema “Vozes d’África”, o autor edifica uma comovente prosopopeia na qual a própria África narra suas desgraças e misérias, suplicando a Deus clemência e piedade:

“Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
        Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então, corre o infinito...
        Onde estás, Senhor Deus? (...)”

O poeta lírico

O principal aspecto do lirismo da poesia de Castro Alves é o amor. O poeta é realista nos sentimentos, não se ilude com mulheres inatingíveis, nem alimenta sonhos impossíveis. Sua poesia é simples, envolvente, coloquial, com algumas imagens de rara beleza, como a da poesia “Adormecida”

“Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente." (...)

Acervo: 36 frases e pensamentos de Castro Alves.

Frases e Pensamentos de Castro Alves

A Duas Flores

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

Castro Alves
ALVES, C., Espumas Flutuantes, 1870

Eu já não tenho mais vida!
Tu já não tens mais amor!
Tu só vives para o riso,
eu só vivo para dor.

Castro Alves

Nota: Trecho do poema "Adeus"

Ai! Que vale a vingança, pobre amigo. Se na vingança, a honra não se lava?

Castro Alves
A Cachoeira de Paulo Afonso

Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar.

Castro Alves
ALVES, C., Espumas Flutuantes, 1870

Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!

Castro Alves
Espumas flutuantes (1870).