Biografia de Camilo Pessanha

Camilo Pessanha

Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, Portugal, no dia 7 de setembro de 1867. Após formar-se em Direito, foi nomeado Procurador Régio em Mirandela. Advogou em Óbidos, e em 1894 transferiu-se para Macau, na época, colônia portuguesa, na China, onde lecionou Filosofia e assumiu funções administrativas.

Publicou um único livro de poesias “Crepsidra” (1922), palavra que indica um tipo de relógio de água, revelando características essenciais do Simbolismo português. Participou do grupo que organizou as revistas “Orfeu” e “Centauro”, prenunciando o espírito modernista. Postumamente, surgiu “China”, uma coletânea de escritos e artigos sobre a cultura chinesa.

Camilo é o poeta que recorda a infância, valoriza a Pátria, pinta a natureza e, ao mesmo tempo, coloca a dor como o único meio para desenvolver seus sentimentos. O mundo é um pesadelo e, a medida que o poeta vivencia as amargas experiências, transporta para os versos a necessidade de encontrar a síntese perfeita. Faleceu em Macau, no dia 1 de março de 1926.

Acervo: 3 frases e pensamentos de Camilo Pessanha.

Frases e Pensamentos de Camilo Pessanha

se andava no jardim
que cheiro de jasmim
tão branca do luar

Passou o outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
- E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Vida

Choveu! E logo da terra humosa Irrompe o campo das liliáceas. Foi bem fecunda, a estação pluviosa! Que vigor no campo das liliáceas! Calquem. Recal-quem, não o afogam. Deixem. Não calquem. Que tudo invadam. Não as extinguem. Porque as degradam? Para que as calcam? Não as afogam. Olhem o fogo que anda na serra. É a queimada... Que lumaréu! Podem calcá-lo, deitar-lhe terra, Que não apagam o lumaréu. Deixem! Não calquem! Deixem arder. Se aqui o pisam, reben-ta além. - E se arde tudo? - Isso que tem? Deitam-lhe fogo, é para arder...

Inserida por MERRAH