Arthur Schopenhauer

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Eu não pretendia sentir por ele um amor ardente e nem tampouco ele parecia esperar isso de mim.

Tanto no crepúsculo como durante a aurora, tanto durante as tempestades que agitavam suas camadas mais profundas, como quando estava brilhando ao refletir a cara luz do sol ou mesmo nos momentos em que era escurecido pelas sombras que voavam pelo céu e vinham em minha direção.. ainda que momentaneamente ensombreado, este mar em constante movimento trazia para mim, em suas mudanças constante aos longo do dia, as imagens de um espetáculo que nunca me cansava.

Inserida por pandavonteesedois

Quem não experimentou o sentimento primordial do amor materno, muito frequentemente sentirá que lhe falta o amor primitivo pela própria vida. Apenas quem não conseguiu unir-se a tudo quanto vive, porque lhe faltam os laços afetivos indeléveis que lhe permitiriam desenvolver essa simpatia para com o que é vivo, é capaz de distanciar-se de tudo quanto pertence a vida: o corpo, a respiração e a vontade.

Mentiras necessárias, que elas não eram permitidas. Porque logo nos levariam a falar em roubos necessários e também a justificar pela necessidade os maiores vícios.

Inserida por pandavonteesedois

Não devo agir de modo tal que eu possa seduzir os outros através da prática de coisas escandalosas. Não é admissível, por exemplo, que eu me comporte com ostentação, elevando os outros a incorrerem em despesas que se acham além de seus próprios meios, apenas para me divertir com isso.

É mais fácil responsabilizar um outro por nossas falhas ou por alguma decisão para a qual não bastam nossas próprias forças. A liberdade nos coloca em confronto com as escolhas e com nosso ser interior.
Quando escolhemos alguma coisa, também devemos assumir a responsabilidade por essa decisão. Feita a escolha, não podemos mais escapar dela. Depois da escolha, depois de saber o que decidimos, é que ficamos sabendo quem de fato nós somos.
Cada escolha toma uma possibilidade e abandona a outra. Mais precisamente, a tomada de uma decisão significa encerrar um universo inteiro de possibilidades. Todo “Sim” está também encaixado à firme negação de seu oposto e assim nos assevera o conhecimento de nós mesmo.

É que sempre determinamos nosso caminho físico sobre a terra como apenas uma linha e nunca como um plano; assim devemos, através da vida, se quisermos agarrar firmemente e possuir alguma coisa, deixar de lado, à direita e à esquerda do caminho, inumeráveis outras coisas e renunciar a todas elas. Se não pudermos nos resolver, mas quisermos pegar tudo que nos chama a atenção de passagem, como uma criança em uma quermesse, será o mesmo que tentarmos transformar a linha de nosso caminho em um plano; ficaremos a correr em zigue-zague, perseguindo aqui um vaga-lume, ali um fogo fátuo ilusório e permanecendo sem nada. Quem deseja ser tudo, acaba não sendo nada. Quem tudo quer, tudo perde.

Quem deseja aprender, deve saber sublimar. Quem quiser viajar só com a cabeça, deverá deixar o corpo em casa: quem quer viajar fisicamente, deve esquecer as viagens intelectuais.
Quem deseja prender-se às coisas do mundo da erudição, deve também possuir o vigor necessário para a renúncia ao mundo concreto.

Todas as pessoas sempre passam por experiências malogradas de toda espécie, através das quais cometem violências contra seu próprio caráter; porém mais cedo ou mais tarde, aquelas são dominadas e forçadas a ceder a este.
Quem nada ama, não precisa tocar em nada. É protegido pelo frio e pela clareza dos contornos.

Os reis deixam aqui suas coroas e cetros, os heróis abandonam suas armas, […] mas os grandes gênios que estiveram submetidos a eles, que orgulhosamente apenas contemplaram com um olhar casual, os grandes pensadores que não se importavam com as coisas externas, levaram consigo sua grandeza para o além, foram eles que levaram consigo tudo o que tinham.

Quem pode erguer-se sobre as montanhas e depois calar-se?

Age com retidão para com todos, mas não te fies facilmente deles. Desconfia das gesticulações e te comporta mais ou menos de acordo com o que se acha por trás delas.

Não digas nunca tudo o que sabes mas sempre sabe o que irás dizer.

Sem resistência, não há progresso. Sem sombras, não há luz.

A vida é tão curta, problemática e passageira que nem mesmo para isso chega a compensar envolver-nos em maiores esforços.

À medida em que envelhecemos, as divergências se vão tornando cada vez maiores. No final da vida, estamos completamente sós.

Os seres humanos em geral, não se portam com maldade enquanto não se sentem atacados.

Cada um fará sua própria história e esperará que esta seja capaz de trazer a verdade à luz.

Sou uma aparência representativa para mim mesmo, na medida em que sou o objeto de minha consideraçẽo e reflito sobre minhas ações.
O ser humano é livre e não o é; não existe realmente qualquer liberdade, porque tudo se acha submetido à necessidade, conforme as leis da Natureza.

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Quem consegue manter o coração dentro de seus formosos limites quando o mundo o golpeia diretamente com seus punhos? Quanto mais nos combater o nada, quanto mais nos rodear com a boca hiante de um abismo, quanto mais dos dispersar com os milhares de picuinhas da realidade social e das atividades dos seres humanos, quanto mais nos perseguir sem conjunto, sem alma e sem amor, quanto mais procurar nos destruir, tanto mais apaixonada, robusta e violenta terá de ser a resistência de nossa parte.
Deste modo, a necessidade e a pobreza exteriores transformam a exuberância de teu coração em miséria e indigência.

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Eu me submerjo em mim mesmo e encontro um mundo. Aquele Eu que me conduz para mim mesmo, também é quem me mata...

A melhor consciência não é uma presença do espírito em luta, é simplesmente uma espécie de alerta lúcida. Quem repousa em si mesmo, que nada quer, nada teme e nada espera.

Deve reconhecer que todos os acontecimentos, com as alegrias e sofrimentos que os acompanham não perturbam seu ser íntimo e superior e que no fundo, tudo não passa de um jogo.

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Há momentos em que pensamos na morte de forma tão nítida e com uma aparência tão assustadora que não conseguimos compreender como, com tal perspectiva à nossa frente, se possa ter um só minuto de sossego e não fiquem todos se lamentando a vida inteira pela sua inexorável aproximação. Em outros momentos, pensamos na morte como uma alegria tranquila e até mesmo ansiamos por ela. Em ambos os casos, temos plena razão.

A função da filosofia é a de proteger-se de si mesma do impulso de ser seduzida por suas próprias concepções intelectuais. Através do estabelecimento destes limites não se permite que o indizível se transforme em algo completamente inexprimível.

Inserida por pandavonteesedois

Se contemplarmos longamente a escuridão, algo sempre aparece.