Franz Kafka

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Todos os erros humanos são impaciência, uma interrupção prematura de um trabalho metódico.

Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.

Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.

Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós.

Franz Kafka

Nota: Trecho de carta para Oskar Pollak, escrita em 27 de janeiro de 1904.

O tempo é teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida.

A única coisa que temos de respeitar, porque ela nos une, é a língua.

Crer-se no progresso não significa que já tenha tido lugar qualquer progresso.

Toda a educação assenta nestes dois princípios: primeiro repelir o assalto fogoso das crianças ignorantes à verdade e depois iniciar as crianças humilhadas na mentira, de modo insensível e progressivo.

Só podia encontrar a felicidade se conseguisse subverter o mundo para o fazer entrar no verdadeiro, no puro, no imutável.

Talvez haja apenas um pecado capital: a impaciência. Devido à impaciência, fomos expulsos do Paraíso; devido à impaciência, não podemos voltar.

Desde que alberguemos uma única vez o mal, este não volta a dar-se ao trabalho de pedir que lhe concedamos a nossa confiança.

Não é necessário sair de casa.
Permaneça em sua mesa e ouça.
Não apenas ouça, mas espere.
Não apenas espere, mas fique sozinho em silêncio.
Então o mundo se apresentará desmascarado.
Em êxtase, se dobrará sobre os seus pés.

As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.

Tudo acontece como se meu combate espiritual se passasse em uma clareira. Penetro na floresta, nada encontro, e a fraqueza logo me força a sair de lá, freqüentemente, quando deixo a floresta, ouço, ou creio ouvir, os cliques de armas usadas em uma guerra.

De um certo ponto adiante não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado.

Se estou condenado, não estou somente condenado à morte, mas também a defender-me até a morte.

Quando eu começava a fazer alguma coisa que não te agradava e tu me ameaçavas com o fracasso, então o respeito pela tua opinião era tão grande que com ele o fracasso era inevitável.

É como se alguém tivesse cinco lances de escada a subir e o outro apenas um lance de escadas, mas que é tão alto quanto os cinco do anterior juntos; o primeiro não apenas superará os cinco lances, mas ainda cem e mil outros, ele haverá de ter levado uma vida grandiosa e bem extenuante, mas menhum dos lances que ele subiu haverá de ter tanta importância para ele quanto para o segundo aquele lance único, primeiro, alto, impossível de ser escalado mesmo na reunião de todas as suas forças, o qual ele não conseguirá alcançar e além do qual ele naturalmente não irá subir.

Não faz muito tempo - e pela primeira vez, como nessa ocasião admiti espantado para mim mesmo - mencionei o assunto a um bom amigo, só de passagem, bem de leve, através de algumas palavras, rebaixando o significado de tudo - pois no fundo a questão para mim é pequena vista de fora - a um nível um pouco inferior à verdade.

Deixem dormir o futuro como merece. Se o acordarem antes do tempo, teremos um presente sonolento.

A verdade é tudo aquilo que o homem precisa para viver, não pode ganhar nem comprar dos outros. Todo homem deve produzí-la sempre no seu íntimo, se não ele se arruína. Viver sem a verdade é impossível, mas não exagere o culto da verdade. Não há um único homem no mundo, que não tenha mentido muitas vezes e com razão.

Há esperanças, só não para nós.

Franz Kafka
BROD, Max. Franz Kafka: A Biography (1960).

Who gets to determine when the old ends and the new begins? It’s not on the calendar, it’s not a birthday, it’s not a new year, it’s an event —big or small, something that changes us, ideally it gives us hope, a new way of living and looking at the world, letting go of old habits, old memories. What's important is that we never stop believing we can have a new beginning, but it's also important to remember amid all the crap are a few things really worth holding on to.

É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.

Se fosse possível dividir a vida em partes mínimas e cada partícula pudesse ser julgada em separado, certamente qualquer pedacinho da minha vida seria um aborrecimento para ela.