Felipe Sandrin

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Hoje é o dia de rasgar cartas.
O silencio de uma casa vazia é cortado pelo suave, porem continuo pranto dos papeis que erroneamente achavam que jamais se separariam. Os papeis cortados caem sobre e sacola que tem como destino o lixo. O te, e o amo, separados perdem a forma. Não são mais nem resquícios do que um dia foram. Como se apenas cumprissem sua parte no acordo, cada pedaço de papel vai para um lado diferente. Mesmo papeis, eles sentem, e imitam a vida.
O passado é tão essencial ao presente, quanto fundamental ao futuro. Não se pode apagar o passado. Pois nada mais somos, se não nosso passado inteiro concentrado num único ponto. No agora. Que por sua vez nos prepara para uma única coisa. O amanha.

Não podemos esquecer nossas origens, ou extinguir de nossas memórias pessoas que passaram em nossas vidas. Seja por dor ou alegria. Marcas ficam, e são elas que nos batizam. Que nos constroem.
Olhar-se no espelho, é reunir passado, presente e futuro. Você se vê formado pelo passado, enxergando-se no presente, mas planejando o futuro. Arruma o cabelo, olha dentro dos próprios olhos, e ao sair da frente dele, diz adeus a o presente e olá ao passado.

Quando visito meu passado, recordo que já amei de mais. Apesar de não sentir tudo como naquela época eu lembro que amei de mais. Eu chorei a traição e por algumas horas entendi o que é a eternidade. E que ela cabe em alguns poucos segundos, em alguns raros momentos.
Eu fiz mais amigos que inimigos. E hoje a grande a maioria de ambos eu já nem sei como estão. Talvez cruze com eles nas ruas e nem os reconheça. Quando imagino onde eles estão. Como eles estão. Eu consigo lembrar de como eram, e só desse jeito posso tentar adivinhar como são eles hoje.
Às vezes olhando algumas fotos, entendo o porquê de algumas culturas indígenas, afirmarem que fotografias roubam a alma de quem nela está. De certa forma também acredito nisso. Fotos são lembranças artificiais. Elas podem ser rasgadas e destruídas. Quando olhamos uma foto corremos o risco de substituirmos a lembrança real pela artificial. Lembranças não podem repousar sobre o papel. Elas mal cabem dentro de nós. Quanto mais sobre papéis.

Só se pode viver bem, vivendo bem consigo mesmo. Não precisamos aceitar tudo, mas o que já passou não pode ser desfeito. Encare cada momento da vida, como uma matéria de escola. Lembre-se que o recreio é curto, por isso aproveite os momentos que você sabe estar sendo feliz. Aprenda a desfrutar do inesperado, das aulas de educação física. De um tempo para você com você mesmo. E diante a resultados de provas não se abale nem se empolgue de mais. Provas são importantes, mas não dizem quem você é, ou quem será. Elas são apenas conteúdos a serem esquecidos. Vale mais a pena lembrar da excitação de uma cola, que da nota de uma prova. Comece desde cedo a aceitar opiniões alheias. Encare com naturalidade as diferenças, são elas que dão colorido a dias que seriam cinza. Dos professores extraia o melhor, mas não chame a nenhum de mestre. Existira em algum momento algum professor que lhe desafiara e esse sim merecera esse titulo. Um mestre, é mestre para a vida inteira.

Acredite no amor e não se faça perguntas sobre ele. Se achar resposta um dia para o que é o amor, você terá desaprendido a amar e todo dia será tarde de mais para se tentar viver. Faça as lições de casa acompanhado de seus país. E aprenda com eles, como no futuro ensinar a teus filhos. Seja realista e encare a verdade, de que sem sonhos nada existe.
E lembre-se sempre:
Que por mais que os dias pareçam passar lentos, e a escola nunca chegar ao fim. Ela chegara! E a menos que você tenha conseguido fazer grandes amizades. Sentir grandes amores. Aprender e ensinar! Você chegara ao fim junto com ela. Para uns a sineta de saída é vida, mas para outros e morte. O mesmo sino. Diferentes pessoas, donas das próprias escolhas. Escravos da mesma invenção. O tempo.

A vida na maioria das vezes não é o querer, mas sim o descobrir. Quando sentimos perder alguém é quando precisamos redescobrir alguém, para assim redescobrirmos nós mesmos, para assim marcarmos um novo encontro com a velha vontade de viver.

Sou atingido a todo o momento por gente bem humorada, pessoas cheias de luz e vida. Às vezes me pergunto o porque e se mereço... é quando me pergunto sobre a sorte a me seguir que entendo o porque de a vida ser tão boa comigo.

É como quando no nosso aniver a vó dava aquela cueca e sorríamos como fosse o melhor presente do mundo. Vai além da educação, no fundo você sente que o presente real sempre foi não o material, mas sim a nobre intenção.

"Já venho percebendo faz muito tempo: a vida, toda ela, se liga em pontos. Linhas tortas que de tão tortas um dia se cruzam."

Dois corações e a máquina do tempo

Caminhava no final da tarde como de costume quando avistei um casal de velhinhos, eles varriam juntos a calçada que estava tomada por grama recém cortada. Cena maravilhosa, o sol, o céu e aquele casal - que deve estar junto a um tempão - varrendo a grama, fazendo um mesmo montinho.

Lembrei dos meus avós que estão completando cinquenta anos de casados. Pensei em como os relacionamentos tem mudado, sobre a independência das mulheres e as consequências que mergulham nós, homens, ainda mais na “síndrome de Peter Pan”.

Quando afinal definiram-se os prazos de validade? Porque ficou tão difícil o “felizes para sempre”? Teria a evolução não acompanhado os corações? Bem, poderíamos argumentar centenas de motivos, partir de vários pontos de saída, para ao final, cruzar a mesma chegada: o ser humano segue intolerante.

Sabem o mais interessante na história do casal que varria a calçada? Quando me aproximei deles ouvi o velinho disparar a seguinte frase: "mah dio cristo cabeçuda non me vare o meu que o vento leva."

Para se compor a essência da união é necessária a aceitação, mais do que a de outro, a própria. Quando nos vemos seres falíveis, compartilhamos os medos e aceitamos que a perfeição de uma relação está justamente na imperfeição humana, é quando descobrimos o milagre que fez de nós, seres tão egoístas, capazes de amar.

A busca pela satisfação por vezes traz a solidão. A ânsia de encontrar-se alguém acaba por ser o prelúdio do fim. No oceano das possibilidades, das tecnologias que tornam o de ontem velho demais para o hoje, nascem as novas gerações, cada vez mais consumistas até mesmo em quanto as relações.

Caminhava eu num final de tarde quando avistei dois velinhos que juntos varriam a calçada: seria isso o amor? Um montinho de grama feito por duas pessoas? Não; acredito que o amor daqueles dois estava justamente no xingamento que sucedeu a cena, estava na certeza de que mesmo se os ventos não fossem favoráveis e desfizessem aquele montinho, ainda assim eles poderiam refazê-lo.

A paixão é o que você somente admira, já o amor, é o tanto que você aprende a reconsiderar.

Mundinho

Hoje eu te ganharia, eu me entregaria.
Em teus braços, nossos laços, os nós que ninguém desata:
– nem nós quando fingimos querer.

Hoje rolaríamos no anti-horário desafiando o tempo,
Fazendo dos momentos o que nós fazemos como ninguém,
criando as lembranças que ninguém mais tem.

Hoje tudo seria nada e nada seria a marca daquela noite que não acaba,
Onde se perpetuam os desejos, as saudades, as verdades disfarçadas.
Hoje tudo seríamos, poderíamos e faríamos.

Voaríamos pelo espaço...
tudo isso sem sairmos do quarto.

Antes que eu te perca

Chega mansinha...
Antes que eu te perceba,
Antes que eu perceba que posso te desejar.

Quietinha...
Bem educada, reservada.
E quem teria coragem de te encarar?

Nem tímida, nem atirada;
Nem calma, nem acalma.
Já chega distante, sem deixar se aproximar.

Chega como minha matemática:
E logo eu que odiava cálculos.
Agora tudo que faço é calcular,
Pensar quanto tínhamos de chance em nos encontrar.

Chega como o inverso, e nada se aplica.
Quando tento me afastar te aproximo,
Quanto tento te afastar não consigo.
Viu?! Logo eu que tentava tudo explicar.

Não que eu espere te perder,
Mas antes de te perder preciso dizer:
Vê? Sente? Sente sem precisar entender?
Vem? Diz que vem; contra tudo e todos, só por ti e por mim.

Trincou meus medos enchendo-me de desejos,
Não repouso mais nas dúvidas ou duvidando.
Ando acordado pescando madrugadas,
Como numa jangada, na escuridão de uma lagoa sem margens.

E agora? Agora antes que te perca digo:
Vem comigo! Sem destino: o destino a gente faz.
De qualquer forma vamos nos perder e, antes que eu te perca,
Perca-me em você de vez, preciso algo dizer.

Bem, antes de nos perdermos permita-me em silêncio,
No ouvido dos teus sonos sussurrar meu abandono.
Caminho para onde vou me perder, porque perdido te encontrei.
E agora? Agora não tenho mais medo de te encontrar,
Nem que pra isso eu precise novamente me perder.
Importante é não perder você.

Tua ficção, minha realidade

Ultimamente tenho me visto reconsiderar... Entre a satisfação do que aprendo, das pessoas e lugares que conheço, do romance que hoje vivo: entre tudo isso um livro, a clarividência de que estou vivendo um filme. A frase que me iniciaria é "baseado em fatos reais". Sim, porque se fosse possível descrever a forma como tudo tem sido, muito eu teria de obscurecer do meu telespectador: não por poder entediá-lo com a minha vida, mas sim com a dele própria.

Inserida por CaioCastro

Ponteiros

Somos de um mesmo relógio,
Você marcando segundos eu marcando horas.
Às vezes nos cruzamos, e por um segundo somos um só.
Você parte enquanto eu aguardo tua volta.
É assim sempre, 1440 vezes por dia.
E dai nossos ritmos tão diferentes?
No fundo somos movidos pelas mesmas engrenagens,
E juntos, nos fazemos sentir controlar o tempo.

Um domingo para sempre

Deitados ao sol, no gramado verde de um clube o qual nasci frequentando. Um belo domingo para se pular na piscina, para se deitar sobre a toalha e olhar o céu.
- Quando eu era guri eu vinha aqui, deitava neste mesmo lugar e olhava o céu.

Enquanto meu pai falava relembrando sua juventude eu o ouvia atentamente, mas não o suficiente para esquivar-me de meus próprios pensamentos.

Uma nuvem no céu, uma única nuvem branca em meio ao profundo azul o qual parecia não ter fim, o qual se fazia imaginável pudesse ter outra cor além do azul. Tudo que eu via era o céu, tudo que eu ouvia era a voz de meu pai, tudo que eu pensava era: preciso guardar essa cena, preciso levar comigo este pequeno, porém tão rico momento. Imaginei meu pai não estando mais aqui, imaginei-me deitado, sozinho, neste mesmo lugar pensado em como passam anos, passam pessoas e o céu lá segue azul. Imaginei meu pai jovem, pensando o que a vida lhe reservaria, e agora o que ele sentia estando aí comigo, podendo dizer isso.

Talvez possa parecer um erro, antecipar sofrimentos, mas não é mágico carregar dentro de si tal momento? Dizer para você mesmo “preciso levar isso comigo”.

É provável - não certo - que a vida leve meu pai antes. E quando este dia chegar como irei recordar dele? O que restará dele para mim? Acredito que neste lindo domingo de verão eu descobri um tesouro, algo que me faz ter vontade de chorar, algo que me leva ao simples de nossa existência, mas ao complexo de um sentimento muito maior do que essa simples existência, o amor.

Enquanto meu pai falava sobre sua infância, sobre este mesmo lugar que ele deitava para olhar o céu, eu pude voltar ao passado com ele onde eu não estava presente, pude ir a um futuro com ele onde ele não estava presente. Não é incrível? Não é a vida fluindo? Imaginar que quem tanto nos ama um dia não foi cercado pela nossa existência, e que um dia nós é que não usufruiremos dessa pessoa que tanto nos amou?

Algumas pessoas dizem que eu tenho um dom para escrever, mas e eles? Não tem? A questão ao fim não é usar as palavras que outros entendam e achem bonito, mas sim que você próprio entenda e possa recordar o tanto de sentimento que lhe invadia no exato momento em que escrevia aquilo.

Por um breve momento senti saudades de meu pai mesmo com ele estando ali, do meu lado. Pude imaginar como será quando não o tiver mais, pude sentir a dor, mas também pude entender que existem lugares onde você pode deitar e olhar o céu, pensar nas pessoas que você ama e imaginar um dia alguém também pensando em você.

Ao fim, deixarei a meus filhos um pouco de mim, e sem que eles imaginem... um pouco de meus pais.

E basta isso para a morte nunca ser maior do que a vida.

Inserida por CaioCastro

Casa das almas

Ó tolice!
Como fui me enganar?
Carrego mais do que cabe carregar.
Necessito mais espaço para o que não consigo deixar para trás.

Não acho espaço porque espaço não se acha,
Conquista-se como quem conquista o desejado.
Como o enlace inesperado a um romance que assim só é
Até que se torne palpável, a quebra do imaginário.

Seres encantados vêm me visitar,
Abano todos para longe, não preciso deles lá,
Há lugares apenas meus onde nem santos podem pisar,
Pois lugares sagrados não são fáceis de achar - o egoísmo sim.

Fujo do que eu estou condenado a ser.
Corro a lugares onde queiram me conhecer,
Onde eu seja quem eu quero:
E quem disse que não sou o que gostaria de ser?

Ó tolice!
Ó apetite!
Cães pardos vêm me devorar...
Sonhos sem lar, sonhos sem sono como sonhar?

Basta que não me conheçam,
Assim ganho uma casa.
Rangem as madeira na noite como os dentes da fera.
Mas amanha deixe que ranjam, não estarei mais lá.

Se eu pedir para você ficar, desconfie.
Se eu disser para que você vá, é melhor que fique.
Agora, se eu ficar em silêncio, acredite, pois há muito mais em meu silêncio que em minhas palavras.

Por mais que a vida seja dura, ela vem em ondas e a gente nunca sabe o que a próxima pode trazer.

Algumas doses de sesesperança e aquele gosto ruim na boca... você saboreia sem prazer, mas espera o que mesmo tão dolorido sentir pode lhe trazer. Então acorda no outro dia, algo está diferente, o velho vício deixou uma lacuna. Ja não lhe atrai como antes o amargo da ilusão, e você está novamente pronto para o doce de outros lábios.

Inserida por CaioCastro

Olha só, ninguém escolhe ser feliz... você escolhe ter atitude, correr atrás; escolhe o risco de se ferir, sofrer, chorar, voltar para casa só. Você escolhe a quem entrega seu coração, seu tempo seus momentos.

Você não escolhe o sorriso do seu rosto, mas pode sim saber quem irá motivar um ou apenas trará lágrimas.

Ninguém escolhe ser feliz, mas todos nós escolhemos pelo que vale a pena tentar ser.

Desconfio das coisas simples, no geral o simples é ainda mais complicado. Falo por mim quando falo em coisas simples complicadas, falo de meu coração o qual tento agarrar, mas descubro ser alado.

Já provei de muitas coisas fáceis, mas as que recordo plenamente são as difíceis. Pois quando o vento me beija eu não paro para sentir, agora, quando sou eu a tentar beijá-lo fico a imaginar o mágico de quando eu finalmente conseguiria.

Dizem que meu instinto é animal, que minha razão da lugar ao emocional. Dizem que tudo em é fisiológico e pré-programado. Me comparam a o homem das cavernas. Justificam tudo com a lei da sobrevivência... Tudo bem, eu aceito, mas agora me expliquem a saudades.

Se quer me usar fique a vontade, só não esqueça: mesmo o que nos faz bem possui contra-indicações.

Eu não guardo mágoas nem raiva; nem o rancor e o ódio. Também não guardo palavras, sinceridade e a profundidade de minhas paixões. Eu não guardo, eu despejo tudo, sem controle, sem medo que transborde. Despejo tudo sem medo, alguns acham que para salvar outros, mas querem saber a verdade? Estou lutando para salvar a mim mesmo.

Inserida por CaioCastro

Arriscar é um sonho o qual você não esquece, nem corre o risco de ser acordado quando está prestes a beijar a amada. Correr riscos é um sonhar acordado e, se tudo se tornar pesadelo, você ainda terá no dia seguinte o mesmo sonho e outras chances para arrumar tudo.

A injustiça do sonho é voarmos sem poder voar. Já a da realidade, é nunca saber quando sonharemos novamente estar voando.

Inserida por CaioCastro

Até podemos bloquear um pensamento, fazer que nada dói, fingir que somos inabaláveis. Dá sim pra brincar com o faz de conta do esquecer, dizer a si mesmo "foi, passou". Dá sim pra ficar lá no meio do oceano esperando o tsunami passar, mas e quando tivermos de voltar? Quando chegar a hora de ir novamente para terra firme? Estaremos prontos para ver tudo que um dia deixamos para trás agora destruído?

Tenho lá minhas razões para acreditar que nunca serei ninguém, morrerei no mesmo silêncio ao qual nasci. Tenho também minhas certezas de que os passos dados me levam sempre a um lugar de plena grandeza onde tudo conspira a meu favor.

Tenho a fé de um guerreiro, mas por vezes a covardia dos sem sorte. Tenho braços e pernas fortes, mas por vezes esqueço, reclamo e sei lá por qual motivo me entrego.

Tenho a esperança, a mais estúpida admirável qualidade.

Há dias que sinto o mundo em minhas mãos, mas há outros que o peso dele é o meu desespero de não querer possuir mais nada.

Adormecer nos teus braços para no abrir dos meus olhos continuar sonhando.

Eu corri, sem olhar para os lados eu corri. Em disparada sem deixar o fôlego sobrar, sem pensar em nada... eu corri. Qual a minha surpresa quando percebi ter chego cedo de mais para encontrar outros, tarde de mais para saber o que eu perdi enquanto só corria.

Inserida por CaioCastro