Amor Teatro
Sem Deus tudo não passa de um teatro onde o personagem esta perdido no caminho e acaba caindo em um buraco tão fundo que não se encontra o chão o que só aparece é a solidão que diz ser a companheira desta caminhada.Aflito e solitário segue então o personagem em uma estrada com um vazio no coração esperando algo que nunca aparecerá pois ele deixou o essencial para viver: Cristo!
Antigamente, eu tinha um teatro de marionetes. Bonequinhos de pano, presos por cordões, dançavam e pulavam na minha cama, controlados por meus dedos. Eram bonecos de pano, mas riam, choravam e até sofriam porque eu lhes dava movimento e alma. E, aos olhos de todos, passava por ser um grande artista. Aplaudiam-me. Um dia, não sei como explicar, dei alma demais a uma boneca miudinha e ela passou a cantar, chorar e rir por si mesma. E fez mais, puxou os cordões de baixo para cima, guiando primeiro, meus dedos, depois, meus olhos, e, finalmente, meu cérebro. Com o tempo, empolgou também, a minha alma. Hoje, no teatro da vida, sou um boneco de carne e osso, controlado por uma boneca miúda que dirige minha vontade e a própria vida
O tempo do teatro é o do eterno retorno, é nietzscheano, é o tempo do amor. (Quando você está na cama com uma pessoa, você não tem "tempo". Você sai do tempo, entra num outro.) É a mesma coisa com a arte. Não tem sentido ficar nesse tempo de agenda. Aí você sai do teatro e não foi modificado, ficou no tempo linear, o do Ocidente, do relógio.
O teatro possibilita viver a bruxa e a princesa, o bem e o mal, o feliz e o triste, o amor e o ódio. No teatro eu descubro quem sou, sendo um pouco do outro.
O amor não foi feito para se falar, ele nunca foi uma receita nem muito menos um teatro.
Não foi feito para se gesticular;
Nem para provar;
Nem muito menos para usar;
O amor não foi feito para ser: ele é.
É algo que o coração pede com o olhar, olha com o pensar, pensa com falar e mais uma vez não fala nada.
O amor não foi feito, ele se o faz com o passar dos dias.
O amor se faz para amar; Não precisa dizer que ama, basta amar!
Teatro Paternal
Ele fingia que me xingava, e eu fingia que era forte e sem amor. Virando nós as costas, chorava eu a ressaca dos xingamentos sem pudor, e ele se afogava nos porres das cachaças. Certamente era um bom ator. Me arrancara lágrimas de sangue,lágrimas de dor.